quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tesouros Perdidos

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Há coisas que por vezes nos dão satisfações extra.
Aconteceu comigo muito recentemente um episódio que valorizo, mais pelo significado intrínseco do que propriamente pelo valor que eventualmente possa acarretar.

Recordar-se-ão certamente aqueles que não andam nestas coisa à dois dias, de que aquando da morte da Princesa Diana de Inglaterra, associada à também morte de Doddy Al Fayed o suposto amante de sua alteza real, a princesa, que este homem de origem árabe e filho de um poderoso magnata, era o herdeiro único da fortuna do mesmo.
Possuidor de um império comercial, os conhecidíssimos armazéns “Harrods localizados em pleno coração londrino, apoiou financeiramente equipas participantes nas míticas “24 Horas de Le Mans”, de entre os quais, um Mc’Laren F1.
O fabricante de modelos de Slot, “Ninco”, em determinada época reproduziu um desses modelos, sob as cores desse patrocinador. De visual bem bonito, ostentava faixas verdes longitudinais, sobre fundo amarelo.
Aconteceu no entanto que após o fatídico incidente acima referenciado, o magnata pai obrigou a que a “Ninco” suspendesse a edição que comercializara, em honra do seu ente querido.

Este incidente acabou por provocar a inesperada valorização do mencionado modelo. Do dia para a noite, havia-se tornado óbviamente, numa "pérola rara". Claro que quem o possuía esfregou as mãos de contente e claro, quem não o tivesse feito, puxava pelas suas próprias orelhas. Ora eu tinha-o na minha colecção. Espectáculo, pensei na altura, pois lá estava ele junto dos outros camaradas de estante.

Mas a vida dá muitas voltas e também a minha não se encontra imune às adversidades que esta se vai encarregando de nos preparar. E voltas e voltas e os meus modelitos lá foram dando voltas também. Mudanças de casa, caixotes aqui e acolá, lá ia depositando embalagens em garagens alugadas, emprestadas, enfim, por aqui por ali, lá ia espalhando o meu pequeno espólio, do qual nutria grande e imaculada adoração.

As coisa lá se foram recompondo e caixote a caixotinho, lá fui juntando a pouco e pouco as peças do puzzle. E lá fui organizando a colecção, até à triste constatação de que, o tal “Harrods Mc’Laren” não apareceu. Mas a esperança, essa, não caía.

Mas, bolas, já havia posto todas as hipótese, já havia procurado tudo quanto era caixinha e caixote, gavetas e sei lá que mais, mas nada. E devagar, devagarinho, lá fui cimentando a cada vez mais presente possibilidade de que havia sido alvo da cobiça de um qualquer ávido coleccionador que lhe houvesse posto os olhos em cima. Bom, à medida que o tempo avançava, a confirmação de que tinha sido gamado, ganhava forma.

Há muito pouco tempo, recebo um telefonema, cuja voz do outro lado me disse:
Tenho lá em casa uns caixotes teus, com revistas, é melhor passares por lá pois estou a arrumar toda aquela bodega e vou deitar tudo fora. Como aquilo é teu, anda buscar.

Pinado da vida, pois lixo é coisa de que me tenho visto tramado para me ver livre, respondi-lhe:
Olha, deita essa Mer…. Toda Fora, pois nem estou pr’ái virado. Não quero juntar mais trampa. Mesmo que sejam revistas porreiras, que se lixe, deita tudo fora.
Do outro lado:

OK!!

Surpresa foi quando a mesma pessoa, aquando duma visita que lhe fui fazer, me disse:
Olha, os teus caixotes estão aqui, tive pena de deitar esta revistas tão porreiras, fora. Agora vê tu isso e deita fora se não quiseres.

Chegado a casa dei-me ao trabalho de arranjar um espacito onde sem cuidado algum, lá deixei cair o afamado caixote.

Afamado, disse eu, pois não sabia do tesouro que continha. Pois é, quando me dei ao trabalho de arrumar as revistas, por baixo, lá estava o meu querido Mc’Laren e ainda um Peugeot que já nem dele me lembrava. Ainda à tipos cheios de sorte,


…..DEITA FORA DEITA…….


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