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Assunto já abordado e que gerou algumas trocas de ideias interessantes, venho agora trazer novamente a terreiro.
E isto a propósito da última prova que tivemos oportunidade de realizar sob a organização do "Clube Slot da Trofa", em que a questão dos pneus, acabou por resultar em descalabro e numa disparidade de andamentos e resultados no final da mesma, acabando mesmo por protagonizar as maiores indignações.
Foi muito desagradável sentir-mo-nos tão impotentes perante o avolumar de sequências de pneus a quererem fugir das respectivas jantes.
Claro que o facto se foi assomando dos concorrentes e provocou algum mau estar generalizado.
Contudo, eram as regras do jogo. Mas aqui teremos que enaltecer a organização, que teve o cuidado de numa elevadíssima decisão alterar as regras iniciais.
Mas as regras dizem que os mesmos "não podem ser colados", são do tipo "P5 - Slot.It" e que é pista "Ninco".
Três factores aparentemente com pólos opostos. Tudo isto se repele.
Mas isso é o que nos parece.
Ora, essas são as mesmas regras cumpridas no "Campeonato Europeu Grupo C - Slot.It" e são praticáveis por um sem número de equipas de várias nacionalidades. E aí ninguém se queixa, porque esse problema afinal não existe. Ora então o que estava mal?
Simplesmente a falta de experiência da nossa parte.
No fim da prova em ocasional diálogo que espontâneamente se gerou com os elementos organizadores do evento, uma coisa apenas se conclui. Não temos traquejo nenhum nestas andanças que tanto nos ensinam e temos pouca abertura a novas ideias e processos. Os conhecimentos adquiridos proporcionaram-lhes uma prova isenta de problemas de qualquer ordem. Realizaram uma prova de início ao fim sempre com os pneus nas melhores condições. Perante tais regras, conclui-se que os pneus são alvo de algum cuidado e técnica na sua montagem e obviamente a condução terá que ser mais cuidada, sem aquela muito comum brutalidade no gatilho. Afinal, pequenas atenções que requerem refinamento e demonstram maturidade.
Mas afinal, porquê plástico "Ninco"?
Finalmente percebi.
Pessoalmente sou avesso a esse plástico. Mas provavelmente terei que fazer um hercúleo esforço para aprender a gostar, ou simplesmente me adaptar.
Afinal existem fortes e fundamentados argumentos. E que me desculpem todos aqueles que quando à algum tempo abordei a questão dos pneus e dos seus tratamentos, mas afinal confirma-se que internacionalmente, o ideal que prevalece é aquele que publicamente defendi.
Quanto mais atrito proporcionar o plástico, mais igualdade e justiça se fará nos resultados, pois será inversamente proporcional ao êxito que possamos ter individualmente no tratamento dos mesmos quando a modalidade é praticada em plásticos lisos. E é justamente esse princípio de maior igualdade que norteia os princípios básicos das grandes competições, que leva a que os campeonatos decorram em pistas daquele tipo.
Confesso que senti algum orgulho ao perceber que estas ideias que eu partilho na plenitude, são as que afinal prevalecem nas grandes competições de índole internacional. De algum modo vão-se anulando os subterfúgios que garantem alguma desigualdade.
E é por essa razão que a montagem de pistas "Ninco" por esta Europa, tem crescido fortemente.
Provavelmente e dado o crescendo ganho de terreno das pistas Ninco, teremos que fazer um esforço para nos adaptar-mos a uma nova realidade, um esforço de adaptação que à partida, confesso, me desagrada bastante.
Mas será o futuro?
Terá verdadeira concistência tudo o que escrevi?
Por certo mais um tema que gerará celeuma, mas penso deverá ser abordado e analisado sob os mais nobres princípios de igualdade e justiça.
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Bem explanado, caro Mota...
ResponderEliminarConcordo em alguns pontos do texto. Em primeiro lugar, gostaria de comentar a questão da experiência. Já não é recente, recordo o campeonato Século XXI que tanta celeuma levantou depois da prova decorrida no GTTeam, em que a equipa da casa teve de conceder a vitória à equipa que viria a ser campeã no final. Efectivamente, o facto de competirmos em pequenos núcleos leva à instalação de um "comodismo": é mais fácil um piloto destacar-se dos demais, e isso cria os "calos" que prejudicam na competição perante clubes mais batidos e com experiência internacional. Ainda que não queiramos, acho que a realidade do slot em Braga peca por ser dependente de alguns praticantes, bastante heterogéneos.
Em segundo lugar: a velha questão dos pneus. É um facto garantido e consumado que as pistas Carrera onde habitualmente nos degladiamos beneficiam a tracção dos pneus. A ideia internacional de recorrer à pista Ninco não é mais do que aquele velho princípio: se não podes banir, usa o limite. Por esta linha de ideias, quando não podemos controlar um motor a ser admitido a prova, autorizam-se os "bombásticos" Spirits, Slot.It, Avant Slot, etc...
No entanto, eu vejo este caso por outra perspectiva: porque é que a Slot.It, tão experiente neste ramo, fabrica material que não suporta as potencialidades que a mecânica permite? Porque é necessário usar jantes 15'' quando se os modelos permitissem a jante 17'', isso diminuiria o problema de correr com pneus descolados? No actual campeonato Alfa Proslot, a interdição da colagem dos pneus às jantes está para já a dar resultados interessantes, por exemplo.
Quanto à questão de normalizar os pneus para as provas em pista Carrera, no sentido de igualar performances, passaria pela interdição da colagem, ou então na submissão de cada participante de um par de rodas com pneus novos colados (como se processa no início das provas de resistência no CSB) e estes pneus seriam lacrados e conservados pela organização, apenas permitida antes da prova.
São ideias...
Viva Hugo.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo excelente comentário.
Um abraço
Olá Mota.
ResponderEliminarBelo tema para uma "controvérsia", sem dúvida. É uma excelente iniciativa tua trazeres este tema para discussão pública.
Há várias questões que o teu artigo coloca, todas elas interessantes e que merecem alguma reflexão.
Os regulamentos devem ser feitos para permitir uma igualdade de oportunidades dos participantes, concordo plenamente. Mas qual será a melhor forma de garantir essa igualdade? Regulamentos altamente permissivos ou regulamentos altamente restritivos? Sou da opinião que os regulamentos permissivos (sem chegar aos limites) são mais justos porque permitem que as coisas sejam feitas às claras, à vista de toda a gente. Por outro lado, acabam por ter como inconveniente a possibilidade declarada de um maior investimento ser necessário...
Os regulamentos mais restritivos têm a vantagem de limitar a preparação e o investimento nos minimodelos. O que tenho visto acontecer é que, nestas circunstâncias, os "faralhadores compulsivos" acabam por adoptar estratégias muito mais subtis (e caras).
Bom exemplo são, precisamente, os pneus. Ao permitir o seu tratamento, todos os participantes estão avisados que é possível melhorar a aderência dos mesmos. Os que sabem fazer, fazem. Os que não sabem fazer "abrem a pestana" e aprendem...
Se for proibido o seu tratamento, os "faralhadores compulsivos" vão tratar os penus de qualquer forma, mas com certeza que, para não levantar suspeitas, acabam por trocar de pneus mais vezes (antes que apareça a bolha, por exemplo...).
É controverso qual a melhor abordagem ao tema dos regulamentos. talvez um pouco de tudo: ora mais permissivo, ora mais restritivo. A mudança e variação de estratégias acaba por ser a melhor forma de irmos melhorando.
Finalmente, e ainda no tema dos regulamentos, o mais importante é que os participantes estejam dispostos a cumpri-los. Por muito bom que seja o regulamento, por muito apertada que seja a verificação, há sempre quem tenha o engenho e a arte para furar qualquer regra.
Mas é necessário que quem o faz tenha a noção que, por um lado, está a minar não só credibilidade e a iniciativa de quem faz os regulamentos, mas também a vontade e o prazer dos demais participantes. Em última análise, mais tarde ou mais cedo, vai acabar por correr sozinho...
A questão de não colar os pneus, garante de facto uma igualdade de circunstâncias? pelos resultados da prova da Trofa, não. Não porque seja impraticável, mas precisamente como refere o Mota, por falta de experiência. E essa só se consegue variando as condições das provas, variando a natureza das pistas e o tipo de regulamentos.
O facto de este tipo de regras se aplicar internacionalmente em pistas Ninco,sem reclamações dos participantes faz-me supor que há técnicas envolvidas que permitem contornar essa situação. Porque mesmo dentro do espírito "é igual para todos", não estou a ver ninguém a tirar prazer da condução de veículos aos saltos e com pneus a sair todas as voltas. Colar sem cola? Talvez, mas aí temos de reflectir sobre o que é colar, como é que pode ser aceite fixar os pneus, se é que pode, ou se é uma questão "judicial" (desde que não haja provas, não há crime...) e voltamos à questão de regulamentos, interpretações e implementação.
Finalmente, honestamente não me parece que a pista Ninco seja uma garantia que os pneus não são tratados. Talvez não sejam ainda... mas estou certo que, mais tarde ou mais cedo, se descobre alguém que descobriu que um produto qualquer num pneu em particular dá resultados de "colar cientistas ao tecto"...
Ultimo comentário: independentemente das questões sobre regulamentos, acho que esta "controvérsia" também põe em evidência a importância da mudança como motor da aprendizagem e do conhecimento. A fazer sempre a mesma coisa, não se aprendem coisas novas, certo?
Grande abraço.
Viva Miguel.
ResponderEliminarGrato também pelo forte empenho neste teu excelente comentário.
Penso que importante é abrirem-se horizontes e deixar em aberto a discussão.
Claro que há divergências nas opiniões, mas isso é mesmo o tempero para uma receita de bom conteúdo.
Um abraço e obrigado Miguel