sexta-feira, 17 de julho de 2009

Londres-Sidney - Uma maratona

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"Londres-Sidney", foi uma prova de grande aventura, ao melhor nível das actuais provas tipo "Paris - Dakar".

A aposta nos modelos participantes, fazia-se sobre modelos standard de comercialização corrente, pois a grande maioria deles apoiava-se nos desenvolvimentos que os mesmos sofriam para os ralis. Também as etapas escolhidas decorriam em troços minimamente praticáveis, o que escusava os tão usados e solicitados na actualidade Jeep's, para as provas de dificuldade maior.

Constituíam verdadeiras maratonas aventureiras, pois ao melhor estilo das aventuras, depois de partirem, cada um que se desenrascasse. As assistências prestadas de forma extra, aquelas que não eram prestadas pelos próprios, provinham da bondade dos outros concorrentes, ou do mero acaso de quem encontrassem pelas terras por onde iam passando, como aconteceu com Roger Clark que após partir o seu diferencial na Austália, acabou por se valer de um que negociou com o proprietário de um modelo similar que encontrou a beira da estrada.


Mas esta prova teve como impulsionador, "Sir Max Aitken", proprietário do jornal britânico "Daily Express" e dois executivos do mesmo jornal, "Jocelyn Stevens" e "Tommy Sopwith jr.", que resolveram criar um evento onde o mesmo pudesse ser relatado e acompanhado diariamente durante alguns dias, pelos assíduos leitores.

Para tal aventura que começava em Londres, passando por parte da Ásia e acabando por atravessar todo aquele território Australiano, era óbvio que as máquinas para além de bem preparadas mecânicamente, eram ainda sujeitas a elaborado reforço das carroçarias e fortemente apetrechadas com malas de equipamento de socorro, vários pneus suplentes, enfim, de tudo um pouco que eventualmente pudesse vir a funcionar como tábua de salvação nos piores momentos.

Vários faróis suplementares, buzinas extra e sobretudo na frente dos carros, estruturas tubulares como forma de reforço das carroçarias para os eventuais atropelos de animais selvagens como os cangurus, eram uma constante visual nos carros participantes nesta aventura.



Foram grandes vedetas desta prova, alguns modelos com poucas provas dadas a outros níveis. São os casos por exemplo, do "Austin Maxi" e do "Hillman Hunter", este último chegando mesmo a vencer a prova.
Saindo de Londres a 24 e 25 de Novembro, chegavam a Bombaim entre 1 e 2 de Dezembro. Faziam uma travessia até ao norte da Austrália, onde retomavam a prova nos dias 14 e 15 de Dezembro, com partida marcada na cidade de Perth, para uma última, longa, dura e penosa etapa que levava os concorrentes até à cidade de Sidney.




Pelo caminho alguns desaires, pois os acidentes estavam sempre potencialmente presentes. Alguns de tal ordem, que era mesmo dada por finalizada a missão a que se haviam proposto os pilotos e as próprias marcas.

Deram nas vistas nesta primeira edição da prova no ano de 1968, nomes como Roger Clark em Lotus Cortina, Simo Lampinen em Ford Taunus, Lucien Bianchi em Citoën DS21 que terminou a mesma com um violento acidente, Paddy Hopkirk em Austin Maxi 1800, Andrew Cowan que secundado por Colin Malkin e Brian Coyle num Hillman Hunter conseguiram uma inesperada vitória nesta edição onde apesar de todas as vicissitudes e dificuldades encontradas, ainda terminaram 56 equipas. Paddy Hopkirk conseguiu o segundo posto final no seu Austin Maxi e o terceiro degrau do pódio foi para o australiano Ian Vaughan, num Ford Falcon oficial.

A segunda edição da prova decorreu em 1977 e a terceira em 1993, para comemorar o 25º aniversário da mesma.
Não mais se realizou, apesar de ser uma prova com calendário sempre em aberto.
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2 comentários:

  1. Fantastica reportagem de uma das mais loucas corridas, com pilotos igualmente loucos e carros modificados a parecerem... loucos!

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  2. Olá Hugo.

    Pelo amadorismo inerente, considero ser mesmo mais louca que o próprio Paris-Dakar.
    E os carros eram verdadeiramente loucos também, um pouco à imagem do antigo Rali Safari.

    Um abraço

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