Uma das marcas que menos perdurou no nosso mundo mas que ainda assim se viu na contingência da obrigatoriedade de mudança de nome que originalmente era "MG Vanquish" e se veio a chamar mais tarde simplesmente "Vanquish", deixou apesar de tudo uma marca que muito dificilmente será igualada.
Um grupo de pessoas dissidentes da actual "Ninco" resolveu apostar na inovação, tanto temática como tecnológica. Inspirados de ideias e sentindo-se capazes de uma revolução dentro do mundo dos Slot Car, partiram para uma ambicionada e atrevida tarefa de combater os conceitos que até então vigoravam e perduravam.
Este Lola T260, foi conduzido pelo Campeão do Mundo de F1 "Jackie Stewart" e constituiu a primeira referência deste fabricante.
Uma ideia genial.
Sem dúvida, poderia ter sido uma verdadeira revolução.
A aposta nos modelos recaiu inicialmente naqueles que até então pouco tinham sido explorados, pelo menos a nível europeu. Tratavam-se dos modelos Can-Am. Tratam-se de modelos desenvolvidos para os campeonatos do continente Norte Americano nas décadas de 60 e 70, num campeonato conjunto entre dois países, Canadá e América (Estados Unidos da América do Norte).
A escolha dos modelos, como todas as escolhas, teve os seus riscos, mas não foi por aí que tremenda aposta terá falhado.
O conceito revolucionário que equipou estes carros é que foi o causador do descalabro.
Sem dúvida de génio, o conceito em causa prendeu-se com a aproximação e aplicação dos desenvolvimentos das mecânicas dos modelo verdadeiros, para os pequenos carros à escala 1/32. E aqui terão cometido o primeiro erro. ESTES CARROS NÃO SE ENCONTRAM À ESCALA CONVENCIONADA PARA O SLOT. Excessivamente grandes, denotam desde logo uma disparidade para a restante concorrência.
Este bonito Mc'Laren M8B, tem o seu lugar marcado na história do automóvel de competição.
Mas vamos então ao que verdadeiramente os tornou revolucionários. Equipados no eixo traseiro de um autêntico "diferencial", deixa-nos de imediato completamente baralhados, quando com eles na mão fazemos rodar uma das rodas e constatamos que a outra, gira em sentido contrário. "Hê pá, isto é mesmo um diferencial!". É o que nos assola de imediato ao pensamento. Ficamos logo de cabeça em sobressalto, curiosos e a querer saber como aquilo funciona. É irresistível. É impossível não ser tentado a cometer aquela asneirinha que é "abrir e mexer no que está quieto". Felizmente, pode mesmo ser aberto sem que daí resulte perda ou estrago daquela engraçada engrenagem que faz milagres. E trata-se mesmo de um verdadeiro "satélite" de diferencial.
O terceiro modelo tratou-se também e ainda de um Mc'Laren de Can-Am.Postos na pista, os modelos apresentam uma dinâmica absolutamente suave. Na prática, o diferencial funciona mesmo, corrigindo substancialmente o excesso de derrapagens e atravessadelas que normalmente os modelos apresentam com pneus novos. Essa natural tendência é em grande parte absorvida pelo excelente trabalho desempenhado por aquele órgão mecânico. Não quer dizer no entanto que seja sinónimo de proveito máximo. Em termos comparativos, todos os modelos equipados com o convencional sistema de eixo rígido e calçados com bons pneus, demonstram que se sobrepõem em rapidez. Mas a eficácia do diferencial proporciona-nos uma agradável sensação de suave condução.
Pareciam ter tudo estes modelos deste novo fabricante, para se tornarem num êxito.
Uop Shadow, outra das máquinas que militaram em território Norte Americano....Mas rapidamente começamos a constatar a ineficácia do sistema. Ao fim de algumas voltas, algo começa a falhar.
O conjunto exterior do satélite é rodeado por dentes que fazem o conjunto funcionar como uma cremalheira. Provido de dentes plástico e de reduzidas dimensões, muito rapidamente se começa a deteriorar. E dentes rompidas é sinal de fim de brincadeira. Pois, lá se vai o brinquedo. Todo o conceito esfria e nos deixa decepcionados, até porque nos estava mesmo a dar algum gozo.
E foi este inovador conceito muito bem esgalhado, diga-se, que acabou por comprometer esta marca. Embora tivessem desenvolvido algum esforço na tentativa de resolver e salvar a ideia, tal nunca acabou por ser verdadeiramente solucionada.
Lotus 72D. Acabou por ser um dos últimos modelo da marca, esta bela escolha. Modelo que proporcionou o 1º título mundial de F1 a Emerson Fittipaldi, foi também um modelo revolucionário no mundo da F1.
"O canto do cisne". Como última tentativa de salvamento, recorreram ainda ao lançamento de modelos especificamente desenvolvidos para a competição, como foram e são os actuais casos da "Fly Racing" e "SCX Pro", por exemplo.
Modelos aligeirados, teimaram no entanto em manter o seu original sistema de tracção, sem que tivessem conseguido a solução para o fracasso do sistema. Comprometido nascia também este projecto que nascera especificamente para salvar a marca. Enfim, uma tentativa falhada de mais um desenvolvimento tecnológico que fica pelo menos como mais um marcante desenvolvimento na história do Slot.
Mc'Laren "Special", desenvolvido para a competição no slot..
Olá Mota.
ResponderEliminarParabéns pelo artigo.
A Vanquish foi de facto uma marca que tentou inovar com conceitos muito interessantes, mas infelizmente falhou, não pelo conceito em si, mas pela falta de fiabilidade, como referes no artigo (para além de outras questões, como a referida da escala).
Do ponto de vista técnico o diferencial poderia ser interessante nos modelos de slot, e constituir uma vantagem. Basta comparar com outras variantes do modelismo motorizado, como é o caso dos mini-Z (só para citar a que nos é mais próxima).
Um abraço.
Olá Miguel.
ResponderEliminarSem dúvida, não tivesse o sistema ter saido tão precário e talvez tivese mesmo existido uma revolução no slot.
Um abraço
Viva Amigo Mota.
ResponderEliminarMai uma peça de grande valor informativo e formativo, para a generalidade do sector (pelo menos nos "novos", e também nos outros onde me incluo).
Cumprimentos de
J.C.Nogueira
Uau, uma bela reportagem sobre a MG Vanquish, embora tenha impressao que nao é a primeira vez que tal marca é abordada no blogue...
ResponderEliminarPor outro lado, esta reportagem está repleta de informação detalhada. A tal ponto, que eu sou o feliz proprietário do tal Lola do Jackie Stewart e nao sabia que esse foi o 1º modelo da marca... agora é que não me desfaço dele :)
Pena a tal fragilidade do diferencial, eu acho que poderia fazer "mossa" nos troços de rally sinuosos em pista Ninco, com aquelas sucessões de curvas ou mesmo os ganchos super-fechados que a pista Ninco permite.
Viva amigo Nogueira.
ResponderEliminarUma vez mais obrigado pelos elogios
Um abraço
Olá Hugo.
ResponderEliminarAssim é, já foi abordada nos primórdios, numa altura em que quase ninguém lia o Blog.
E é verdade,essa é a primeira referência. Acertaste em cheio .... sem querer, mas acertaste.
E essa dos ralis, está muito bem lembrada. Nunca me tinha ocorrido, mas devia mesmo fazer um sainete.
Um abraço