sexta-feira, 13 de março de 2009

Reflexão sobre o SLOT

O barómetro de Nuremberga, da feira diga-se, deu-nos alguma preciosa informação sobre o estado do Slot, no mundo.

Nunca como hoje e longe vão os tempos dos Cox ou dos velhinhos Scalextric, se observou a tamanha panóplia de fabricantes.

Mas afinal para que lado se virou actualmente o Slot?

O tal barómetro, o tal de Nuremberga, nunca, tão como este ano, nos deu uma indicação tão negativa. Veja-se também, a procura de novas fontes de riqueza, a aposta em novas actividades, a aposta em novas escalas, em novas tecnologias, enfim, a aposta num sem número de apostas que na maioria dos casos não apresenta continuidade da concorrência e que começa a causar um mau estar e desnorte na procura dos modelos, por parte dos aficionados.

Quem afinal respira saúde?

Alguns casos, são sem dúvida, verdadeiros casos de sucesso, sendo no entanto variada a orientação comercial de cada um.

A “Carrera”, por incrível que pareça, o líder mundial no fabrico deste tipo de brinquedos, orienta na sua maioria os seus produtos para o consumo caseiro e para as mais tenras idades, indo alguns dos seus produtos acabar também nas estantes de uns quantos coleccionadores, por se coadunarem com as inúmeras temáticas passíveis de serem coleccionadas. Daí, continuar a liderar uma cada vez maior guerra comercial.
Da “Scalextric – SCX”, a política é muito similar, com o grosso das suas produções a encaixarem nas tenras idades, mas já com uma forte componente vocacionada para a competição, sobretudo na área dos ralis ou TT. Acrescentada agora a componente mais técnica, com produtos especificamente desenvolvidos para a competição, abraça assim uma guerra de notável concorrência. Pode dizer-se que é dos fabricantes que após longa estagnação, respirará actualmente mais saúde, pois para além dos aspectos referenciados, edita em notável quantidade modelos fortemente apreciados pelos coleccionadores.
A “Scalextric – Superslot”, fabricante quase lendário de modelos de Slot, abdica das capacidades rolantes dos seus modelos, optando por oferecer uma linhagem de notável beleza. Estes modelos ingleses, primam pela estética e resistência a maus-tratos, o que os beneficiará também aquando da opção de compra para a oferta às classes etárias mais jovens. Assim garante também uma faixa de mercado que lhes permite alguma segurança concorrencial. É certo que uma grande quantidade dos seus modelos não chega a ver o piso para os quais foram feitos, pois a qualidade apresentada atira-os directamente para as estantes dos babados coleccionadores.
A “Slot.It” é sem qualquer dúvida, o mais recente e sério exemplo de sucesso. De nascimento relativamente recente, e inicialmente fabricante apenas de acessórios de competição de grande qualidade, em boa hora se aventurou na produção de modelos. Apostas acertadas em modelos de êxito comercial, com fortes possibilidades de serem facilmente potenciados com inúmero material de competição também de fabrico próprio, acabam por ser dos modelos mais apreciados para esse fim. Conseguiram juntar o melhor de dois mundos. Belos modelos e capazes de grandes resultados quando submetidos às competições. Em paralelo proporcionam ainda organizações competitivas de cariz internacional, capazes de elevar o seu nome de modo mais que distinto.
Poderemos ainda juntar ao lote dos fabricantes bem sucedidos, a “Fly” e a “Ninco”. Estes fabricantes espanhóis criaram o seu próprio nicho de mercado. A Fly por apresentar por norma o binómio rigor de linhas / preço, de elevado nível, apesar do seu habitual catastrófico desempenho dinâmico. Colmatou a questão com uma série de modelos vocacionados para a competição, não conseguindo no entanto ainda, a desejada aproximação aos modelos de ponta de outros fabricante. A Ninco, por outro lado, através de uma notável organização clubista e de promoção de competições internacionais, estabeleceu uma relação quase de culto entre o fabricante e alguns praticantes. Sem dúvida um belo exemplo de Marketing bem conseguido tirando disso sérios dividendos.
Muitas outras marcas surgiram, mas que estão nesta fase das suas vidas à procura da melhor orientação e daquele lugar ao sol que lhes garanta a necessária solidez comercial. “Spirit”, “Power Slot”, “Avant Slot”, “BRM”, “Cartrix”, “Cartronic”, “Faro”, “GSlot”, “HPI”, “MB Slot”, “MRRC”, “NSR”, “Racer”, “LM Miniatures”, “Revell”, “Scaleauto”, “Sloter”, são alguns dos exemplos de fabricantes que não terão os seus nomes tão consolidados assim. Muito embora alguns deles se apoiem em projectos de outro nível e já bem consolidados no mercado, outros há que têm apenas como base comercial o próprio Slot. Algumas destas marcas não chegaram mesmo a estar representadas em Nuremberga e outras associaram-se em stands comuns para desse modo exporem as suas novas apostas. Alguns destes fabricantes terão mais tradições que outros, ou até com orientações díspares. São os casos dos modelos italianos “Racer” e dos franceses “Le Mans Miniatures”, que tratando-se de modelos fabricados em resina ao invés do habitual plástico, permitem-lhes orientar a sua produção para uma clientela mais endinheirada e contida quanto à sua preservação, pois tratam-se de soberbas reproduções e viradas quase exclusivamente para as colecções. Mas mesmo aqui, numa atenta e perspicaz observação, vemos também já alguns sintomas de mudança, pois a “Racer” criou uma linha de modelos mais direccionados para a competição e fabricados em plástico, apoiados em mecânicas comprovadas da “Slot.It” e a um custo bem mais apetecível, tendo-lhes chamado “Sideways”. Esta linha é o primeiro sinal de alteração de projectos para o futuro, tratando-se do reflexo da conturbada situação pela qual o mundo do Slot está a passar.

A crise está instalada, a ver vamos quem aguentará.

6 comentários:

  1. Viva Mota!
    Belo artigo que traduz muito bem a realidade actual. Receio é que nós, slotistas, não saimos beneficiados com isto!
    Parabéns pelo artigo,
    Augusto

    ResponderEliminar
  2. Thank's Augusto

    Apenas uma reflexão pessoal acerca do que julgo estar-se a passar no mundo actual..... com óbvios prejuízos para todos.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. Tenho de tirar o chapéu a tão elaborado ponto de situação!


    Esta "revista" interessou-me de sobremaneira na medida em que sou praticante recente da modalidade, já "nasci" para o slot na era do material de competição.


    Abraço,

    Hugo

    ResponderEliminar
  4. Viva Hugo

    De facto a tua era é mesmo esta da variedade extrema. Tempos houve em que nem pneus suplentes existiam.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  5. Mota,
    eu acrescentava: e nem palhetas...
    rsrsrs

    ResponderEliminar
  6. Caro Augusto,

    diria mais, NEM COISA NENHUMA.
    Compra-se o carrito e poupava-se. Também eram quase eternos.

    Um abraço.

    ResponderEliminar