terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dissecação e preparação de um "Campeão" - Turismo WTCC

.
Pretende-se com este artigo, mostrar o trabalho desenvolvido com um "Seat Leon" do fabricante "SCX", participante no último campeonato para modelos correspondentes aos carros de "Turismo", um projecto mais ou menos equivalente ao tão bem disputado, "World Touring Car Championship" realizado à escala real e que curiosamente também acabou com a conquista do ceptro maior, entregue à "Seat".

O regulamento obrigava à utilização de modelos deste fabricante espanhol e carros correspondentes ao citado campeonato, que tivessem sido editados pela "SCX".
A escolha, essa, havia já acontecido na época passada, quando se realizou semelhante campeonato, onde a opção se deveu exclusivamente ao facto de se tratar de uma réplica do piloto português, "Tiago Monteiro". Para este ano no entanto, ditava o regulamento que a motorização seria substituída pela do fabricante "Slot.It", mais fácil de adquirir e mais performante.
Escolhido então o "Seat Leon", de entre outras hipótese, como o "Volvo", o "Honda Accord", o "BMW 3.20", o "Seat Toledo", ..... partiu-se então para a sua preparação.Claro que no seu percurso ao longo de quatro provas que constituiu este campeonato, o modelo foi sofrendo naturais alterações no sentido da sua evolução, já que a concorrência nunca cruzou os braços. E o que aqui se vai mostrar é a última evolução sofrida, aquela com que o modelo finalizou a última das provas, vencendo e sagrando-se campeão.
O círculo vermelho no capôt, foi a última etiqueta colocada no modelo, correspondente à sua participação na calha vermelha.Os resquícios acumulados na traseira, da sujidade natural do cumprimento de uma prova.A carroçaria, muito embora tenha conseguido o cumprimento da totalidade do campeonato sem nenhuma quebra comprometedora, denota no entanto fruto da natural violência dos impactos e tão comum nesta modalidade, uma rachadela lateral na zona da porta que se estende até à cava da roda da frente.
A frente do modelo, aquela que mais vezes absorveu a violência, também demonstra as suas marcas com perda de tinta amarela em diversos locais. O aileron, espantosamente sobreviveu. Alguns empenos no mesmo são visíveis, mas manteve-se completo.
Na parte inferior do Seat, o acumular de lixeirada agarrada aos produtos lubrificantes que se vão espalhando, é uma realidade.
Posto a descoberto pela parte interior, é-nos permitido ver a totalidade dos órgãos que o constituíram.
O original motor "RX 42B" foi substituído pelo "MS06 V12/3" de 21.500 rpm do fabricante "Slot.It". Esta alteração obrigou desde logo à utilização dos adaptadores "SP08" do mesmo fabricante, para desse modo se permitir o encaixe desta motorização ao chassis da "SCX".
O resultado desta alteração, faz-se notar de imediato.
Motor pujante mas de fraco poder magnético, dificulta de imediato a condução. Falta de tracção e um modelo totalmente desequilibrado, resultam num carro o mais desagradável possível.

Estando obrigados a manter a totalidade dos órgão que constituem o modelo originalmente, fomos então obrigados a recorrer a todo o tipo de conhecimentos de forma a gerar um novo equilíbrio do conjunto. A única permissão admitida era a desactivação do sistema de luzes, cujo procedimento passou pela dobra dos terminais que ligavam às palhetas do chassis.
Os cinco parafusos foram mantidos.
Os eixos, substituídos por outros do fabricante "Slot.It". À frente maciços e atrás, ocos.
Os pneus da frente foram rebaixados até ao ponto de tocarem o menos possível na placa de verificações, já que essa constituía uma obrigatoriedade, após o patilhão ter sido puxado na totalidade para cima e fixado nessa posição através de anilhas limitadoras do curso vertical do patilhão. Dessa forma a sua tendência para as saídas de frente, diminuiu.
Embora mantido todo o conjunto constituínte do patilhão, este foi bloqueado no seu curso vertical, no caso, através de anilhas perfeitamente ajustadas ao seu pilar.
O pinhão utilizado foi o de nove dentes do fabricante do motor, bem como a cremalheira, sendo esta de 26 dentes (cor azul).
Utilizou-se ainda um tira folgas do fabricante "Ninco". Este acessório, deste fabricante ou de outro, torna-se absolutamente necessário. Uma vez que o veio do motor não chega a penetrar na ranhura existente na cremalheira, acaba por ser a única forma de garantir que a cremalheira mantenha perfeito ataque ao pinhão, sem que aconteça o ralar dos dentes da cremalheira.
O uso de lastro foi uma necessidade. Descobrir o ponto de equilíbrio do carro e a quantidade a utilizar, uma aventura.
A grande maioria do peso foi acumulado na zona que medeia o eixo da frente e o motor. Utilizei ainda uma parte no sentido longitudinal, desde o motor até à zona do patilhão, conforme se pode observar na imagem de baixo.
Lateralmente, ainda fui obrigado à utilização de lastro em duas camadas, entre os dois eixos, até ao pilar de aperto do chassis à carroçaria.Recorde-se que este aparente excesso de peso a que se recorreu, foi uma das chaves do sucesso. A previsível falta de velocidade não aconteceu, parecendo até ter existido um ganho nesse sentido e o equilíbrio geral do modelo foi de facto um ganho absoluto.
Na carroçaria e tal como é possível observar, não se procedeu a qualquer tipo de modificação, estritamente proibida por regulamento.

O patilhão, normalmente alvo de algum trabalho de rebaixamento, foi neste caso mais um dos órgãos não alterados. A forma como as palhetas eram inseridas é que passou a ser da forma corrente e não a convencional deste fabricante.


Embora os pneus pudessem ser de fabricante livre, os da frente foram rebaixados e envernizados e aplicados em jantes de plástico da "Slot.It".
Atrás, jantes do mesmo fabricante mas de alumínio. Os pneus, os "P1" da "Slot.It" também, mas rebaixados e colados às jantes.Aqui fica a fórmula que me levou à conquista deste belo campeonato.
.

8 comentários:

  1. Boa Mota!

    É disto que o nosso povo gosta!

    E já agora só te faltou, a meu ver, nesta ficha técnica o numero de dentes da cremalheira (se bem que se vê que é a azul da slot it) e o diametro das jantes usadas.

    Isto para não falar no tratamento dado aos pneus traseiros :)

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Boas

    A cremalheira está lá descrita, 26 dentes...

    O segredo destes carros estava mesmo no lastro, pois o incremento de aceleração em relação aos motores de origem, acompanhado pela diminuição de poder magnético levava a muita instabilidade da frente, pelo que era essencial agarrar a frente com chumbo.

    De destacar a prova espectacular do Augusto na 3ª corrida do campeonato com um carro 0% chumbo.

    Abraço

    Pedro Correia

    ResponderEliminar
  3. Grande artigo Mota
    fantastico mesmo
    eu acho que estes campeonatos ao sábado são mais provas de preparação do que de dedo :P

    ResponderEliminar
  4. Viva Amigo Mota.
    Uma peça de inegável interesse.
    Parabéns.
    Cumprimentos de
    J.C.Nogueira

    ResponderEliminar
  5. Ena, "mister" Mota... muito bem!


    Só um aparte: este carro devia ter sido proibido por representar um risco de saúde pública, especialmente aos verificadores, dado o efeito nefasto desse metal que abunda no chassis, o chumbo! :)

    ResponderEliminar
  6. Viva Hugo.

    E fui só eu?.....


    Um abraço

    ResponderEliminar
  7. Eu também usei, é verdade... mas fui mais conscencioso para os verificadores, acho que "só usei" praí 10 a 15g de lastro. :)

    ResponderEliminar
  8. Boas.

    Muito bem. Excelente preparação. Mais ainda com provas dadas.

    Assim os novatos já sabem como fazer para a próxima.

    Boas gatilhadas.

    ResponderEliminar